quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Er.... títulos

É engraçado as vezes como as coisas são. Sabe uma das coisas que sempre eu vejo e me desperta um sentimento bom? Cadernos antes de serem usados. São lindos em sua perfeição. São perfeitos por causa das páginas em branco, lisas, sem nenhuma dobra, sem nenhum amasso. Cadernos são algumas das coisas de mais perfeitos que existem no mundo. Mas pricinpalmente, para mim, os cadernos em branco. Eles são como prenuncios; prenuncios de que alguma coisa vai acontecer, de que algo vai nascer, vai ser criado. Ao olhar para as páginas em branco, eu não contemplo apenas um mero caderno, mas contemplo toda a grandeza que ainda não foi escrita, contemplo a esperança, sim, a esperança!; contemplo uma gestante, pronta para dar a luz, sem saber ainda se o produto do teu ventre será algo de bom ou ruim para o mundo, ou mesmo se ele não será nada, nada além de massa; mas que ainda assim se empenha na tarefa da criação. Como não ver esperança em cadernos em branco?

Tanto que um dia desses eu comprei um caderno. Ele tinha capa dura, cor vermelha, minha cor favorita. Não era o que eu queria, que era grosso, deveria quase duzentas folhas, talvez mais; mas serviu. Comprei o caderno por necessidade. Necessidade de comprar um caderno. Talvez, minha real necessidade fosse mesmo a de começar alguma coisa.

As primeiras linhas e riscos são sempre efetuadas com entusiasmo e com cuidado. As primeiras letras, geralmente são as mais bonitas. É como se fossem carregadas de esperança. Por isso, os primeiros riscos são sempre intimidadores. As primeiras palavras são como uma bênção. "Está nascendo". E eu escrevi na primeira página do meu mais novo caderno o seguinte:


Este caderno contém
delirios e fantasias de um
estudante


Se você o encontrar, favor, devolva para
Davi Vieira de Araujo
32784949/32733475/88364119
Davidvgsv@yahoo.com.br






E aproveite para ler
Olhaí os Lírios do Campo - Érico Verissímo
Vidas Secas - Graciliamo Ramos
Capitães de Areia - Jorge Amado
A hora da Estrela - Clarice Lispector
são otimas obras!


E pronto. É tudo que nele há escrito. Imaginei a princípio escrever sobre meus futuros jogos que nunca serão lançados, como o jogo do Raymond. Depois, achei banal e vulgar demais para o caderno vermelho, imaginei que ele merecia coisa melhor, que ele merecia algo que as outras pessoas gostassem de ler. E por isso as outras páginas dele estão em branco.
Algum dia eu sei que ele não mais estará em branco. Até lá, ele vai andar na minha mochila, se quiser vê-lo, é só pedir. E quando ele for riscado, deixará de ser um caderno em branco e se tornará imperfeito. Será este o meu presente para o caderno. Um toque de humanidade.

4 comentários:

Liana disse...

tu não tem noção de como eu me senti mais leve depois que li teu post! achei que só eu via beleza em cadernos em branco. tudo bem que eu não me limito a eles (adoro agendas novas também), mas... uau. sério mesmo. a cada dia vejo (e confirmo a existência de) um david que só me encanta!

TH disse...

Folhas de caderno são como a vida que renasce a cada novo espaço em branco.
Quem consegue sentir o frisson presente em cada linha acaba por assumir meio que indiretamente que se ama. E não é difícil ser feliz. Basta observar.

TH disse...

E num é que resolvi colocar esse meu comentário como uma postagem do Inexplicações? Os leitores merecem...=]

Lici in the sky with diamonds disse...

o medo que acompanha o dono de um caderno em branco tb é fascinante. é td feito com cuidado e carinho, td pra que fique bonito e que não deixe de ser o que é. aiai, nós os golfinhos somos felizes, nós os golfinhos vemos coisas e vemos beleza (: teamo!

ps.valeo por não colocar letrinha aqui qnd se vai postar um comment. eu odeio as letrinhas. arg